Nei
Duclós
Apesar de
desmascarada pelos estudos históricos, é impressionante como continua em vigor
a versão de que o Exército atendeu o apelo do povo para destruir a democracia
em 1964.
Em DREYFUSS,
Rene A. - 1964: A Conquista do Estado , fica claro que a conspirata foi urdida
principalmente a partir de 1954, quando se tentou intervir na sucessão do
presidente Vargas, quase deu certo em 1961, tentativa abortada pela Legalidade,
e triunfou em 1964 depois de uma década de preparo teórico e prático, que
envolveu os intelectuais das Forças Armadas como Golberi (autor de um livro nos
anos 50 sobre as raízes populares do Exército) , o intervencionismo americano
da Guerra Fria (que desencadeou a Operação Brother Sam, de apoio físico ao
golpe) e o oportunismo dos políticos civis.
A delação
premiada da Odebrecht, tão celebrada por outros motivos, deixou claro que
Golberi está por trás do fenômeno Lula. Ou seja, 1964 preparou a Nova
República, imobilizando o perigo maior , o trabalhismo (hoje entregue às
moscas) que poderia voltar com os impactos da presidência Vargas, como a Lei da
Remessa de Lucros e a soberania dos recursos naturais (hoje entregues à
bandidagem internacional).
A transição
do golpe de 64 para a falsa democracia teve o ponto focal em Sarney, o da
estrada de Damasco, que exerceu o mandato tampão para fazer a cama onde se
locupletam até hoje. A elite civil facinorosa fez o serviço livre da farda, que
pagou todo o mico da ditadura. Esta encontrou seu momento certo ao aproveitar
os equívocos de Jango, presidente confirmado por plebiscito depois de ter sido
eleito vice, que deixou-se levar pelos agentes infiltrados na agitação das ruas
e das Forças Armadas. Uma porção do povo saiu às ruas repudiando os atos da
presidência e o oprtunismo da esquerda (sempre ela) que inflamou o discurso
político até a nação ser colhida pela conspirata. Depois parte da esquerda, a
que sobreviveu à tortura e aos assassinatos dos verdugos, voltou e se infiltrou
no voto, no qual não acreditam, para juntar-se aos saqueadores do país.
Historia é
uma ciência humana, complicada e seu principal pecado é o anacronismo. É
preciso apoiar-se nas evidências. Além da intervenção de Golbery no fenômeno
Lula, a posse ilegítima do ex-presidente do partido da ditadura, o vice Sarney
que nem tinha assumido esse cargo, o levantamento de fontes históricas sobre o
preparo e o desencadear do golpe etc. Verificar que a entrega da soberania
começou com a traição de JK, que se elegeu com o voto trabalhista e
intensificou a corrupção e a hiperinflação, e chegou ao auge agora quando se
entrega tudo para chineses, canadenses etc. (solo, terra, minérios, aeroportos
etc.) Enquanto o país vai para o buraco, tem imprensa que celebra criminosos
que na ditadura assumiram a pasta da Fazenda (o poder civil!) para tornar a
dívida externa impagável, aproveitando que não havia oposição no Brasil.
O que não se
deve fazer é voltar a ser vivandeira de quartel e pedir que a farda reassuma a
versão mentirosa de que atendeu o povo quando apenas contaminou o processo
político para sempre depois de longa preparação conspiratória, com apoio do
paletó insatisfeito com a ascensão do voto trabalhista nas urnas antes de 1964.
O álibi é que o golpe foi contra os comunistas, que são os eternos trapalhões
com sua gula de poder e estratégias furadas.
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