7 de setembro de 2016

GAVETA & OUTROS POEMAS



Nei Duclós

A gaveta é o critico do poema
no dia seguinte tudo soa falso
evita que se publique o furo

Depois o verbo se aplica
nos limites do impossível
fora do inacessível

Troca o destino escuro
pela clareza, mesmo
que achem um porre

O poeta não é tudo isso
mas é isso tudo


BEIRA

Quis me expressar sem auxilio
da emoção e consegui
Mas foi em vão.
Nada colhi dessa opção.
Prefiro a beira do rio,
lá onde vinga o sonho,
que a imaginação inventa
para haver sobrevivência.

PASSA VOANDO

Agosto passa voando
levando o inverno no dorso
passa o condor do desgosto
venha a pomba da bonança

Se és tão pelo avesso
quando me vês desconfias?
Ou somos do mesmo forro
solidão que encontra o dia?

QUERIA

Queria que fosse real
E não uma fantasia
Cansei de viver no cais
navio que criou raízes

ESTOU

Estou em lugar nenhum
De um tempo qualquer
Chego de onde parti
Toda viagem é em vão

SOU

Sou arqueólogo do futuro.
Descubro o que será ruína,
esse amor que pega fundo.


MANTIVE

Mantive todos
os meus amigos
Por comodidade
Tenho preguiça
de fazer as pazes.

ESQUECI

Esqueci de dizer
O que te disse
Era tolice
Do bem querer


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Salvador Dali.


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