28 de novembro de 2011

VIVA O POEMA


Nei Duclós

Abordar, com palavras comprometidas, o sistema político e econômico que nos governa (onde entram todas as tendências partidárias, inclusive as pretensamente excluídas) é uma armadilha: é uma forma de nos submeter ao discurso forjado e imposto pelos poderes na mão de quadrilhas de muitos matizes. Manipulam a linguagem para nos prender nela.

Nossa saída é gerar outra linguagem, fundada na poesia, para livrar nossas mentes do que eles pretendem impor. Nossa reação enfrenta o deboche, pois o sentimento e o corpo humano são insumos para a indústria do espetáculo, que pretende assim se apropriar de tudo, como se fôssemos gado. Precisamos opor o poema ao assassinato, proteger a nossa humanidade contra o horror de fazermos parte do que eles inventaram.

Não, não somos culpados de nada: nem dos que são eleitos dentro desse Mal que é a política engessada e manipuladora, nem do que é trabalhado como legitimamente popular. Não fazem parte de nós. Somos criaturas culturais, insurgentes, e a palavra, livre dessas amarras, é a nossa principal arma.

Viva o poema, viva o prazer de ficar inteiro e de estar vivo



RETRNO - Imagem desta edição: obra de William Bouguereau.

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