29 de novembro de 2011

TALISMÃ



Nei Duclós


Nenhum amor compensa o abandono que vem depois. Mas nenhum abandono é mais vasto do que qualquer migalha de amor

Mensagens cifradas pulam o muro e ganham o mundo.São caçadas pelo faro dos especialistas.Mas escapam e pousam em teu colo como um beija-flor

Às vezes eu não acredito em tanta sorte. E digo: como sempre, é um sonho, vai passar. Mas é um dia que não acaba, uma estação que permanece

Ficamos à toa sem sentimento. Aí vem o vento e carrega teu coração para os pés de alguém. Nada mais faz sentido, a não ser aquela presença

Desistimos de procurar e vamos tomar um café.Mas o lugar está cheio e então ela chega e senta, olhando o vazio que existe em ti,transparente

Perdi a noção, ela me disse. E me mostrou a mala aberta que tinha trazido na sua fuga: duas cartas de amor que lhe enviei da África

Escrevemos amor porque não há outra palavra. Mas pode ser encanto. Obscuro talismã da sorte


RETORNO - Imagem desta edição: caixa de Pandora

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