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13 de novembro de 2011
UM CARA CHAMADO DOMINGO
Nei Duclós
Domingo é habitante do mato, que mora no pé do morro e toda semana vem até o povoado comprar mantimentos.Paga com luz do sol e janela aberta
Esperança é namorada de Domingo.Fica na espera,fingindo que conversa com as amigas.Mas está de olho no moço que vem a pé com cheiro de terra
Essas histórias ingênuas contadas por pessoas antigas,que desapareceram nas trilhas engolidas pela chuva,parecem folhas que o vento espalha
Todos vão à missa,menos Domingo.Ele traz verduras e leva pólvora,fumo de corda,querosene, carne.Passa pela Igreja e cumprimenta.O sino espia
Os dias da semana, como crianças, fazem fila para receber Domingo. Ele sabe fazer pião, pandorga, máscara de gesso. E brinca, até ir embora
São cenas do interior inspiradas em livros infantis antigos e sujos
Lembro dos domingos da infância. No escuro, íamos na missa das seis, de mãos com a mãe.Ela tinha feito promessa. Nós cumpríamos ao seu lado
Minha mãe guardava o motivo da sua penitência, que cumpriu por anos . Aprendemos a gostar do domingo, pois ficávamos livres por mais tempo
Depois que se foi, a mãe entrou cedo nas mais remotas voltas do universo. Vocês não conseguirão falar com ela,avisou o espírito do meu pai, ateu
Espíritos iluminados desvencilham-se logo dos laços deste mundo e cumprem seus destinos na eternidade. Os outros permanecem, pondo-se em dia
Você precisa de amor, como a plantação de chuva.E de um coração,entregue em boas mãos.Você precisa repartir o sonho,viagem comum.E de poesia
O que seria da poesia sem a leitura, a interlocução,o carinho, a recepção, o retorno?
RETORNO - Imagem desta edição: Bierstadt - Among the Sierra Nevada Mountains
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