Blog de Nei Duclós. Jornalismo. Poesia. Literatura. Televisão. Cinema. Crítica. Livros. Cultura. Política. Esportes. História.
15 de julho de 2011
A MORTE DE JOSELITA DE JESUS PEDREIRA
Nei Duclós
Em Feira de Santana, na Bahia,
assaltante foge e atira para trás.
Mulher que passa é atingida nas costas.
Pede perdão duas vezes, faz o sinal da cruz e morre
Duas vezes perdão, minha compatriota,
e um sinal da cruz para entrar no eterno.
Foi tudo muito rápido e improvisaste
tua extrema unção.
Passavas com a flor da tua leveza,
alinhada e séria, compenetrada passante.
Tentaste te proteger mas foste colhida
pela bala. És nossa prece
Em que pensavas quando foste interrompida
pela truculência? Quais teus planos, teu sonho?
De onde vinhas, amiga?
Levas teu segredo, o perdão
Que o céu te receba em sua glória.
Porque tua fé revela a eternidade,
oculta na cidade bruta.
Fé nessa hora extrema é o amor que nos falta
Matam sem olhar. Todos são alvo do horror armado,
da densa e opaca maldade.
Só tu, diáfana passageira do sonho morto,
flutua sobre tanta dor
És a mulher que cruza o caminho
do bandido em fuga.
A graça do passo derrubado à traição pelo atropelo.
A beleza na mira do covarde
O que carregava o bandido na sua ânsia de morte?
Quinquilharias de uma loja do subúrbio.
Matou a única jóia verdadeira
que passou perto dele
RETORNO - 1.Imagem desta edição: Joselita de Jesus Pedreira, 35 anos, promotora de vendas. 2. As informações para este poema foram apresentadas pelo Jornal da Band de 14 de julho de 2011.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário