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14 de julho de 2011
BANQUETE CULTURAL NA SAGARANA 44
Julio Monteiro Martins, o mais importante escritor brasileiro em atividade no Exterior, que completou recentemente 56 anos bem vividos, é tema do livro Un Mare Così Ampio (LibertàEdizioni),de Rosanna Morace, que analisa toda a obra de Julio, incluindo a sua produção brasileira antes da imigração. Rosanna é jovem e premiada doutora em estudos linguísticos e trata sobre "I Racconti-in-romanzo di Julio Monteiro Martins". O lançamento faz parte de um projeto magnífico que está sendo desenvolvido na Itália sobre a contribuição dos migrantes para a literatura feita hoje no país. E o primeiro volume é exatamente o do nosso Julio!, que está animado.
Diz ele numa carta para mim: "Eu tenho esta grande alegria interior de ter cumprido, e de estar cumprindo, creio, o meu dever, em favor da literatura, da cultura italiana, e também do Brasil, da sua cultura, que querendo ou não um pouco se internacionaliza, não é? Pois o Brasil, como explica muito bem a Rosanna Morace, está todo dentro da minha obra, mesmo naquela em lingua italiana. Te mando em anexo a primeira resenha do livro, que saiu ontem publicada na revista "El-Ghibli".
Numa leitura inicial que fiz das primeiras páginas de Un Mare Così Ampio, notei a admiração da estudiosa pela obra de Julio e o cuidado que ela tem na abordagem, escapando de qualquer tentação de padronizar conceitos sobre o trabalho literário. Abrindo o leque de sua análise, ela mergulha na obra do escritor brasileiro, que nos últimos anos tem publicado em italiano sua prosa, que não se enquadra nos lugares comuns, já que é pura invenção e criatividade, com cruzamento de gêneros e liberdade total. Quanto seriedade na Italia, como tratam com deferência o escritor brasileiro que saiu daqui depois de muitos conflitos e encontrou seu lugar lá em Lucca, onde é também professor de narrativa na sua escola Sagarana!
E por falar em Sagarana, Julio anuncia também a edição número 44 da melhor revista cultural do mundo. A carta de divulgação traz estas palavras:
Caros amigos e amigas. É com satisfação que anunciamos a presença on-line, a partir de hoje, do n° 44 da revista Sagarana, em língua italiana, neste endereço. A capa desta edição é dedicada ao poeta e compositor norte-americano Gil Scott-Heron, falecido há dois meses: é presente uma tradução inédita em italiano da letra da sua canção mais conhecida, "The Revolution Will Not Be Televised", traduzida por Pina Piccolo especialmente para Sagarana.
Este número reúne diversos ensaios e artigos inéditos na Itália: “Le ragioni di un mondo sottosopra”, de Karim Metref, sobre o Oriente Médio hoje, sobre o quanto as rebeliões são espontâneas ou fomentadas por interesses estrangeiros; “Una bottiglia in mare”, um depoimento comovente de um filho que descobre o caderno com as poesias deixadas pelo pai “desaparecido” na Argentina; “Il collasso della globalizzazione” de Chris Hedges; “Lo spleen rivisitato”, um texto sobre a melancolia e a nostalgia na música contemporânea; “L’effetto Berlusconi”, uma entrevista com Slavoj Žižek; e em seguida o diretor de cinema Bernardo Bertolucci conta como foi “o seu 1968”.
Tem também os ensaios breves de Cherilyn Parson – sobre o conceito de romance na obra de Orhan Pamuk –, de Serge Latouche, “Abbondanza frugale”, dois de Perry Anderson, “La sinistra invertebrata” e “Il mondo fato carne”, sobre o corpo como instrumento de política, e de Vassilij Grossman, sobre o campo de extermínio de Treblinka, além de duas outras entrevistas: com Serge Quadruppani e com Grahan Priest.
O Editorial desta edição, de Monteiro Martins, “Per un’idea diversa di successo”, reflete sobre o fato de que de todas as possíveis e importantes funções da literatura hoje é justamente aquela mais sujeita a manipulações, o resultado das vendas do “produto”, a ser considerada como determinante na avaliação do “sucesso” de um livro.
Em Narrativa apresentamos a tradução inédita do conto “Dies Irae”, de Ronaldo Cagiano, além dos contos “La legge dela vita” de Jack London e textos de Franz Kafka, Ascanio Celestini, Robert Graves, Erri De Luca, Heloneida Studart e do escritor suiço Peter Bichsel.
Em Poesia, além daquela já mencionada, de Scott-Heron, comparecem “L’appendice a Teorema”, de Pasolini, duas poesias de Borges e a poesia inédita na Itália “Il Ché”, do poeta argentino Humberto “Cacho” Costantini, além de outras poesias, todas traduzidas pela primeira vez, de Ali “Moshtaq” Askari, Mary Oliver, Zack Rogow, Ana Istarù e a mini-antologia poética “Come svanito treno” organizada por Tomaso Pieragnolo e Rosa Galitelli. E têm ainda os contos e poesias dos novíssimos autores presentes na seção Vento Nuovo.
Neste mesmo endereço telemático encontrarão a atualização da seção Il Direttore, com o conto La collezione, de Julio Cesar Monteiro Martins. Esperamos que os ensaios, os contos, as poesias e os trechos de romances selecionados possam oferecer-lhes muitas horas de agradável leitura. Cordialmente, A Redação de Sagarana.
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