1 de março de 2011

A TIRANIA DOS FRACOS


Quem terá coragem de falar sobre a tirania dos fracos, que podem fazer qualquer coisa pois nenhum contratempo "se justifica"? Não se ganha nada com isso. No momento em que você peita alguém profissionalmente fraco, estará em desvantagem. Então, há um prevalecimento pelo avesso, pois o fracote está com tudo e conta com a opinião apressada da reprodução de notícias em massa, com autoridades loucas para posarem de corretas, além do aparelhamento político, pois todo partido é proprietário das boas causas, mesmo que elas cometam injustiças. Isso não importa. O que vale é se impor contra todas as evidências e instituir a ditadura da aparência.

Mesmo que haja injustiça contra os fracos no mundo todo, a justiça não está do lado de quem dispõe de desvantagens físicas ou sociais, mas de quem é alvo de um crime. Mas isso não tem sido levado em consideração. O pedestre que abusa do motorista sempre estará com a razão, pois quem está ao volante é notoriamente um criminoso. O adulto alvo do deboche ou da falta de respeito de um menor de idade terá de se explicar. A grávida que atropela um homem, mesmo que não tenha razão, será vista positivamente no processo.

Vemos como funciona no trânsito. Exemplo. Nunca atropelei ninguém, felizmente , mas uma vez, como pedestre, quase fui atropelado por uma ciclista saradona e uniformizada. Eu cruzava uma faixa de segurança na Avenida Paulista, com farol verde para mim. A sujeita avançou, invadiu a faixa, e tirou uma fina. Reclamei: Você cruzou o farol vermelho! Ela parou e respondeu: E daí? E seguiu, como se não tivesse cometido um crime. Nesse caso, ela vinga no pedestre a injustiça que sofre dos motoristas. E muita gente a pé abusa de quem tem carro, cometendo as maiores barbaridades(e vice-versa), como costumo ver todos os dias.

A tirania dos fracos enquadra suas vítimas numa jaula de imoralidades inventadas, para exercer o poder que diz não possuir. Torce-se assim a realidade. Quem detém alguma vantagem aparente em princípio é culpado. A inocência está em quem não pode. Isso funciona tão bem que não se admite contestação.

Lamber as botas de quem está no poder e se diz revolucionário continua sendo lamber as botas do poder . Temos exemplos de sobra: os novos poderosos que se elegem defendendo os oprimidos exercem a tirania como qualquer outro e exigem submissão completa. Os politicamente corretos então fazem fila nos guichês do dinheiro público e dão declarações sobre a excelência de quem está no cargo. Continua sendo a boa e velha sabujice, que não respeito nenhuma espécie de discurso.

Defender causas nobres não torna ninguém especial. Normalmente é usado como bandeira de vaidades. O verdadeiro altruísmo é anônimo . Mas não é o que vemos. O cara espera chegar a equipe de TV para carregar os mantimentos no seu caminhão, dando declarações sobre como ele é alguém fantástico que se preocupa com quem precisa. Mande a comida sem etiquetar seu nome e suma de vista. Só assim seu gesto será realmente especial.

O escritor de má qualidade que defendeu causas nobres não pode ser incensado como grande escritor, já que não escreve picas. Não basta publicar 700 livros e bater no peito dizendo que é contra a gripe. Precisa ser do ramo. Pode até querer ser, mas o que não pode é usar seus gestos públicos de boa vontade para ajudar na sua carreira de escritor.

O despossuído que entra na casa para roubar ou o petiz que joga pedra nos carros estão errados e suas vítimas devem ser protegidas. Não se trata de problema social, mas de crime comum e é assim que deve ser visto. O Direito Romano continua sendo um conjunto de leis e normas civilizatórias. Não se pode substituir um acervo milenar pelo equívoco de ser falsamente bonzinho.

Cordeiros com dentes de lobo: eles estão prontos para te pegar. É fácil. Quem é humano pode ser flagrado pela tirania dos fracos . Pisar em falso, num ambiente de intolerância ferrenha, é a pré-estréia da injustiça. Os que estão em desvantagem aproveitam para sapatear em cima. Essa é uma situação cada vez mais clara. Mas vai dizer essas coisas para ver o que acontece. Exércitos morais estão de prontidão. São os mesmos das velhas milícias nazistas, que inventaram uma ditadura monstruosa a partir do sentimento de injustiça depois da I Guerra. Eram perseguidos, portanto podiam fazer o que bem entendessem. E fizeram. Hoje, só mudaram o uniforme.


RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.

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