7 de outubro de 2006

RESISTIR AO NAZISMO





O maior perigo não são as suásticas, a adoração por Hitler, os partidos e líderes nazistas. Estes estão à vista e podem ser enfrentados. O pior são as conquistas do nazismo. Não sua sobrevivência, mas a adoção de suas práticas e princípios nos governos e sociedades. Limpeza étnica na Geórgia, diz o noticiário. Quanto disso tivemos desde a Segunda Guerra? Massacres de populações inteiras, em mais de um continente. Identificar uma raça como inimiga e tentar livrar-se dela, eis o veredicto de quem se sente superior. Aqui no Brasil temos a expressão sanguibom, ou seja, você faz parte da minha raça, teu sangue te absolve. Faça o que fizer, és um dos nossos. Temos também o desprezo racial ao brasileiro por parte de quem se sente caucasiano. No Orkut, vemos esse tipo de divisão, entre caucasiano e hispânico. O sangue que identifica a raça é um conceito aniquilado eticamente pelo nazismo. O que vale é o conceito cultural de raça. Mas tem muito mais.

COBAIAS - Campos de concentração, por exemplo. Dispomos de inúmeros no Brasil, não apenas nos presídios e cadeias, mas nas favelas e bairros afundados no lixo e no ermo, onde há ainda escravidão. Manipulação das massas por meio da indústria audiovisual, dos monopólios de comunicação, da propaganda maciça dosa governos, da invenção de falsos líderes. Tudo isso, obra inicial de Goebbles, é praticado totalmente no Brasil. Experimentos com cobaias para novas drogas: quantas vezes já ouvimos falar disso? Os gringos usam a população do Terceiro Mundo para fazer suas experiências. Depois de tudo testado, então vai para o mercado do Primeiro Mundo. Brutalização cultural e educacional, por meio da destruição dos vestígios do conhecimento humano: encaminhar milhões de pessoas para o analfabetismo é o mesmo do que queimar livros. Pregação religiosa de conteúdo tosco e de forma maciça pelo rádio, televisão e mídia impressa: estão sendo formadas gerações de zumbis, receptáculo para qualquer ditadura. Mais? Uniformização dos conceitos, por meio da pregação no mundo corporativo e da literatura de auto-ajuda. Tudo isso veio do nazismo, que venceu a parada. O mais perverso é invocar a luta contra o nazismo para praticar atos nazistas, como vemos todos os dias na TV.

JUROS - Em nome da democracia, o Exército brasileiro foi praticamente sucateado. Metade do contingente foi dispensado. Não temos condições de enfrentar a Colômbia, que por sinal tem uma empresa que acaba de comprar o sistema elétrico de São Paulo, conforme noticia a Folha. Aí tem. Lembro a Light and Power, por muito tempo chamada de polvo canadense. Era composta majoritariamente por investidores brasileiros, que tinham registrado a empresa no Canadá para não pagar tanto imposto. Esses investimentos super remunerados pela alta de taxas de juros são a mesma coisa: dinheiro de brasileiros que chegam do exterior para fazer a festa. Aliás, me dizem que o dólar barato (porque farto, pois a massa de dólares chega aqui para ganhar com os juros) encanta parte da classe média que tem grana para aplicar ou viajar para Miami. É o velho esquema da ditadura, desde a época do Delfim Netto, que levou enfim um pé na bunda do eleitorado. Em nome da democracia, tem gente que ainda acredita em Delfim, em qualquer ramo da república café-com-leite. Se Lula perder ou ganhar, a tunga do Brasil continuará. Alckmin promete privatizar o Estado (que são as tais PPPs, parcerias público-privadas), já que não há mais nada para privatizar. Estamos fritos.

RETORNO - 1. Como resistir aos crimes diários do nazismo entre nós? Sem a livre expressão, sem os livros, nada feito. Na imagem de hoje, uma livraria em Buenos Aires, fotografada por Marcelo Min na sua lua-de-mel com a esposa Luciana Benatti. 2. Um trecho selecionado de Além do Bem e do Mal, de Nietzsche, joga um balde de água fria no conceito da tal raça pura: "Sendo, como povo, uma miscelânea, uma mistura monstruosa de raças, talvez com um excesso preponderante de elementos pré-arianos, um povo do meio, em todos os sentidos, os alemães são os seres mais escorregadios, mais vastos, mais contraditórios, mais incógnitos, mais imponderáveis, mais estupefacientes ainda para si mesmos, mais que qualquer outro povo possa sê-lo: subtraem-se a qualquer definição e são, precisamente por isso, a causa de desespero dos franceses."

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