Nei Duclós
Claire Bloom, a atriz shakespeareana que Chaplin lançou ao
estrelato em Luzes da Ribalta, é o vínculo do veterano Jerry Lewis em uma de
suas últimas peformances para o cinema, Max Rose, 2013, de Daniel Noah. Ele
trabalha com a bela Kerry Bishé em densa interpretação da neta que amparo o avô
na viuvez, Kevin Pollak, o filho enjeitado que mendiga amor ao pai em fase
terminal, e Dan Stockweell, o amante oculto descoberto tardiamente, depois da
morte da mulher, pelo marido de um casamento de 65 anos. Stockwell foi menino
prodígio em Hollywood, fazendo filmes no final dos anos 40 e Claire dedicou
mais tempo ao teatro do que ao cinema e aparece aqui para ligar Jerry a
Chaplin, na sintonia do fino humor que resiste na brutalidade do mundo.
Pois é disso que se trata: um filme sobre a ancestralidade
do cinema. O palhaço aposentado que sonha em voltar ao palco em Calvero é aqui
o pianista de jazz frustrado que acha toda sua vida miserável. Os dois
personagens mostram o gênio de Lewis num libelo contra a distorção do humor e a
favor do minimalismo da graça com timidez, imaginação, poesia e inteligência.
Ele se recusa a assistir uma comédia apelativa muito comum a partir dos anos
1980 e se dedica a contar e a ouvir piadas com neta. Há também citações
explícitas de The Bellboy (O Mensageiro Trapalhão,1960) em que ele finge com as
mãos tocar instrumentos enquanto rola um jazz pesado.
A comédia é a sutil situação terminal do drama. Quando não
há saída para tanta tragédia, fazemos graça. Jerry Lewis manobrou com esse
conceito a vida toda, desde a divisão de identidade de O Professor Aloprado, o
mutismo poético e intenso do Bellboy, o palhaço que chorou para fazer a criança
rir etc. Em Max Rose, ele torna definitivo seu recado.
No Netflix.
Fantástico o filme! Jerry Lewis em uma intepretaçao magistral e comovente
ResponderExcluirGênio absoluto.
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