Nei Duclós
O general Dirk
Van Hogendorp, braço direito de Napoleão, acabou exilado no Rio de Janeiro,
onde mantinha um pequeno sítio. Dom Pedro I ia visitá-lo e escutar suas lições.
Está tudo no primeiro capítulo do meu livro TUDO O QUE PISA DEIXA RASTRO (Edição
do Autor, 2015, patrocínio da Petrobras Cultural depois de uma licitação que
escolheu 17 projetos entre mais de 2 mil).
Se achar
interessante, adquira o livro. Basta me escrever (neiduclos@gmail.com). Vamos à fala do militar
holandês, quE consta no capítulo UMA AULA DE ESGRIMA, da primeira parte intitulada
O CERCO DA FERA:
Prevejo
tempestades, meu Príncipe. Terás o privilégio de liderar uma, talvez duas ou
mais, guerras de conquista . Tens a espada do estadista, que liberta sua nação
do jugo absolutista e precisa derrotar os inimigos fora de suas fronteiras para
então governar dentro da lei e dos desejos dos povos. Uma obra brutal que
precisa da criação do carisma imperial, coadjuvante da força das armas. Precisarás libertar o Brasil do jugo
português e Portugal do jugo absolutista e também da servidão total às demandas
políticas que mascaram com falsos princípios e metas aparentemente altaneiras a
objetivos mais prosaicos. Os republicanos fantasiam o poder democratizado pelo
voto, mas esquecem que é preciso um poder acima dos momentos e dos interesses
passageiros, um poder moderador que transcenda a mediocridade diária e projete
a nação para o futuro, honrado o suor do que foi conquistado. É uma solução
complicada, que será combatida, pois se confunde monarquia constitucional com
absolutismo, tirania com liberdade. Equilibrar-se nesse fio da espada é obra
para mestres do ofício. É preciso aprender com a esgrima como estocar o inimigo
em seus pontos mortais defendendo-se com maestria. O jogo bruto da defesa e do
ataque podem ter resultados práticos, mas correm o risco do fracasso. Não
possuem o fôlego necessário para uma obra política perene. Precisarás compor a
ousadia da luta com a elegância dos golpes. Neutralizar o inimigo quando for preciso
e derrotá-los quando necessário. Uma vitória nunca pode ser esmagadora, é
preciso deixar os adversários respirar com gestos generosos de anistia. O único
objetivo são os resultados. Para isso lance mão da religião, dos rituais, da
magia, dos mistérios, das cortes, dos povos, dos militares e dos paisanos.
Todos precisam dançara a valsa do Imperador. E terás um império, o maior deles,
de ponta a ponta do vasto continente.
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