19 de setembro de 2017

MISTURA DO POEMA



Nei Duclós

Misturado ao povo
o poema percorre o pó da rua
Vai ao trabalho, como todos
no assédio imoral dos maus costumes

Precisa sobreviver,
pão repartido em dobro
mudo como a voz de quem não decide
Guarda para si os espólios
preso pelas correntes ao solo

Em meio à multidão, tem um assombro
é o sol que brota na ferrugem
e inunda a cela que treme nos ombros

Todos se animam, inclusive o poema
protagonista real de uma insurgência
É preciso que a consciência grite
seu onívoro canto
para chegarmos á estação
cultivada pelo sonho

Faz barulho o comboio quando aporta
Descemos todos, maltrapilhos e furiosos
O múltiplo poema se soma
sendo carregado nas costas do povo
mistura de amor e contratempo


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