Nei Duclós
Enfim vi Interstellar (2014), de Christopher Nolan, um
assombro poético. O tempo é o futuro e a gravidade, o amor, que cruza todas as
barreiras. Um jogo lúdico de conceitos científicos para narrar o drama da
sobrevivência. O impressionante mergulho no buraco negro kubrickiano e o
despertar na sala branca inverossímel, como no clássico 2001, que Nolan
transcende e dá continuidade, mantendo-se original na trama e nos personagens.
Há traição, há desespero, há decepção, há amor, mas jamais
frieza. No longínquo planeta gelado, mesmo o vilão Matt Damon não suporta ver o
que apronta, enquanto Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain e
Casey Affleck compõem o núcleo familiar, referência e vínculo de um universo
que procura uma saída entre suas infinitas transgressões.
Voltar para casa não significa reassumir o posto da origem,
mas descobrir um ambiente favorável para a continuidade da espécie. E isso só
acontece com a solidariedade e a identificação entre seres humanos, que
descobrem ser eles mesmos os fantasmas que tentam decifrar a charada e
transmitir para seus seres queridos em perigo.Nós mesmos somos os seres
evoluídos que nos salvam da destruição.
Achei magnífico.
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