Nei Duclós
Livros deveriam ler e não ser lidos
Pacientes e mudos, forraríamos as estantes
Obras célebres e sóbrias nos folhariam
a nos perseguir em cantos inacessíveis
O que aprenderia conosco tanta sabedoria?
Compactos em nossos volumes sinistros
de corpo fechado e dor de conteúdo
memórias riscadas fora das páginas
O que diríamos, na linguagem dos sinais
mãos a sobrevoar o vento, rosto impassível
ostentando o anonimato dos títulos
aqui jaz uma biografia, hoje encadernada
Enfileirados em nossa mudez cruenta
aguardaríamos os dicionários, enciclopédias
que decifrariam códigos de olhar e ossos
Coleções de geografia no uso dos mapas
Livros deveriam nos jogar na cabeceira
e de vez em quando retomar a leitura
somos aborrecidos, humanos previsíveis
mas qual será o desfecho para o crime?
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