Nei Duclós
A paisagem e os pássaros não sobrevivem à vingança.
Sabedoria é miolo de pão para os pombos. Eles se servem,
depois se refugiam nas torres do campanário. De lá arrulham cantos gregorianos.
Teu rosto de ponta cabeça. Parece um disfarce, mas a boca
suprema revela a densidade do desejo.
Era um vestido de chita na pintura atirada num canto. Mas
havia o olhar, geradora de neblina.
Não escreva mais para mim, disse ela. Dói a beleza do poema
saindo da tua ausência
Tudo é muito simples. Depois disso, complica.
Fui eu que errei, como sempre. Acertei as horas do desfecho.
Tivemos amor mas destruíram. Fiquei com os versos devolvidos
O telhado se alimenta com a luz da lua.
Sem o amor que o sustentava o verso perdeu o sentido. É como
a ruína numa praia abandonada.
Se eu dormir de chapéu meus sonhos terão um teto para morar?
Divido paisagens, que o tempo anuncia.
Pincelei a nuvem, disse o sol de saída, na tela do céu no
fim do domingo
Só o amor faz sentido. O resto se esgarça sem ruído.
Fiz de conta que não vi. O coração custa a aceitar
Viver é desapaixonar-se. Olhos livres da catarse. Amar sem
ressaca. Habitar-se a longo prazo.
Passagem no lugar de passado. Urgente em vez de presente. O
futuro no lado de fora
Insistiu tanto que beijou seu coração. Os lábios congelaram
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