18 de maio de 2015

QUINTAIS OCULTOS



Nei Duclós

Não lembro mais o peso da memória
Porão e sótão a assombrar as malas
janela inacessível na parede escassa
o tempo sóbrio monta a emboscada

Começo do zero, apesar da biografia
não posso dizer, refém da letra morta
compareço à aula sem marcar o dia
gavetas de aço jogam fora a chave

Às vezes ouço o ensaio e a sinfonia
o estalo de um beijo, a cena do subúrbio
alguém carrega a faca, um balde explode

São quintais ocultos por onde o rio passa
estátuas de barro derrubando a margem
éramos crianças que o sonho não devolve


RETORNO - Imagem desta edição: foto de Anderson Petroceli.

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