Nei Duclós
O que me acalma é a voz que vem
do mar, submerso amor, brando som
esperança de um tempo bom
sinos de vime em campos sem fim
Há desconforto com a palavra doce
ela soa falsa como um refrão de açúcar
na rua onde impera a dor, lage em fogo
e nada pode contra o tiro e o abandono
Aprimoramos vésperas de dia santo
com a oração puxando o horizonte
que está em nós, consagrada, firme
Fé é a consciência sem remorso
talismã da vida sobrevivente
a eterna, luz viajante, passo manso
RETORNO - Imagem desta edição: Alentejo, 1955, foto de Henri Cartier-Bresson