16 de abril de 2014

ESPÓLIO



Nei Duclós

A arte que fazemos não se refere ao tempo,
aos elementos, ao físico, ao que transcende.
Espécie em descenso, ascese e lamento,
corporificação e trama, esporo de amianto.

Arte de chutar o balde, quando nos importamos,
 tela de arame, a cidade uma ruína que dividimos
sem pensar na herança. Somos vitrais no deserto,
ferrugem de sonhos, lagartos imóveis, pedras soltas

Maná desperdiçado em manuscritos de barro
em livros ilegíveis. Rabiscos de luzes mortas
painéis de venenos, virtudes passadas a limpo
águas ferventes, toco de vela trêmulo no espólio