12 de janeiro de 2014

EM DIREÇÃO AO PRATA



Nei Duclós

Sou invisível
como anzol no rio
Gota retorcida
armadilha sem isca

Sou barro
na correnteza
fisgo a flor
devolvida

Fiquei assim
quando sumiste
vestida com água
até a cintura

Tento atrair
as últimas escamas
que sobrevivem
sem brilho

Anoiteço, à espera
do teu beijo
noturno. Capturo
apenas a Lua

Borras a superfície turva
no dorso
do redemoinho
Só os pássaros se ligam

Vago, sombrio
em direção ao Prata
Encarno os vestígios
que afundam comigo