31 de agosto de 2009

A VOLTA DO TROVADOR


"Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo eu me desesperava"


(A Palo Seco, Belchior)

Belchior estava esquecido, enterrado em vida, depois de 40 anos de canções maravilhosas. Endividado, era obrigado a cantar em tudo que é biboca, enquanto a mídia só se interessa por Zezé di Camargo e Luciano. Nunca vi o Belchior fazendo papel de palhaço nos programetes das redes de televisão. Nunca mostrando sua mansão, seus cachorros, sua mulher nova ou velha.

Manteve-se íntegro, fiel ao seu recado. Abandonou tudo para se recolher e criar. Foi cobrado pelos seus ex-assessores, que entregaram a história para a Globo. Ele não tinha o direito de deixar os sanguessugas na mão. Teve que reaparecer, contra a vontade.

Não foi campanha de marketing. Mas todos descobriram sua importância e o crime de ser esquecido. A subita notoriedade vai lhe permitir que imponha gravações de suas músicas inéditas. Antes do seu sumiço, isso não era possível. Agora é.

Que bom, Belchior, que você está vivo e inteiro. Canta, poeta, trovador. Canta que nós escutamos e cantamos junto.

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