23 de agosto de 2009

CHE, CARIÑO


Lula é realmente um grande estadista. Ao posar com um colar de folhas de coca ao lado de seu parceiro, Evo Morales, presidente da Bolívia, a situação ficou dessa maneira descrita a seguir. Primeiro, o Brasil se compromete a prejudicar ainda mais a indústria têxtil brasileira, já sucateada pelos chineses, ao substituir os Estados Unidos num acordo de tarifa zero entre os dois países nesse ramo industrial. Bush tinha mandado Morales pastar porque os bolivianos não fizeram nada contra o narcotráfico. Não entendo nada de política internacional, mas como um cocalero iria brigar com a industrialização e exportação ilegais da folha da coca? Dizem que uma coisa nada tem ver com a outra. Então, tá. A cocaína deve vir de outra fonte, talvez do carrapicho.

Segundo, o Brasil regularizou a vida de 48 mil bolivianos, a maioria na cidade de São Paulo, em troca de apenas oito (o noticiário diz OITO) brasileiros na Bolívia. Muito justo. Nós somos uns imperialistas hijos de la puta e eles são unos cucarachos revolucionários. Precisamos pagar o mico. Tem mais. O Brasil não quer receber de volta os cinco mil brasileiros que estão em zona da fronteira na Bolívia, lá onde se instalaram, compraram e beneficiaram terras. Pois iria, segundo o governo brasileiro, pressionar “os projetos” sociais no Brasil. Ou seja, na política “social” de Lula não tem lugar para brasileiro que está sendo expulso da Bolívia.

Qual a solução? Tirá-los da zona da fronteira? Em termos, pois a idéia é removê-los para uma província que é também fronteira, só que do Acre, em lugar remoto sem infra-estrutura. Então o objetivo não tem nada a ver com fronteira, já que vão tirar de uma para colocar em outra. O objetivo é se livrar desses brasileiros que estão sendo pressionados pela chegada, armada pelo governo boliviano, de centenas de colonos que, com discurso nacionalista, querem tomar as terras dos brasileiros.

Os brasileiros não deveriam estar lá. Não se deve deixar criar uma situação dessas. Mas já que ela está criada, qual a solução? No mínimo, respeitar os patrimônios , a sobrevivência e a integridade física de quem se encontra no meio do imbróglio. Na sua visita, envolto num colar de folhas de coca, Lula disse acreditar que o governo boliviano vai tratar “com carinho” os brasileiros que estão lá. Mas era o que faltava! Carinho em política internacional! Vamos ver o que significa carinho (que na Cucaracholandia é um termo usando entre amantes).

O Brasil conseguiu em 2007, e já repassou, 20 milhões de reais, ou mais de 10 milhões de dólares, para uma ONG, a OIM, Organização Internacional para Migrações, que tem como diretor geral um general americano, Wiliam Lacy Swing, um sujeito especializado em arrancar verba para pretensos trabalhos humanitários. Fez isso quando era delegado da ONU e conseguia recursos de europeus e americanos para promover eleições no Congo, por exemplo, em plena guerra. Mas vamos pensar o seguinte: para que 20 paus para a OIM?

É para que a ONG ajude a “realocar” (expulsar) os brasileiros de lá. Para tirar os caras das suas terras e jogá-los no meio do mato, a OIM do general Swing recebe quatro mil reais POR BRASILEIRO migrado à força (basta dividir 20 milhões por cinco mil). É um grande negócio, realmente. Por que não dão quatro mil para cada um dos brasileiros viajarem até o Brasil onde encontrarão, por iniciativa do governo, terras compatíveis com as que eles tinham na Bolívia? Ah, mas isso vai desestabilizar as grossas sacanagens com grana que significam os tais projetos sociais.

Como se faz a reforma agrária hoje no Brasil? Simples. Os representantes do governo, via institutos especializados e outros quetais, conseguem propriedades para os sem-terra, mas em cada transação ficam com um pedaço de chão. Se você assentar milhares e milhares, terá então milhares e milhares de acres nas mãos dessas maganos intermediários. É um novo latifúndio que se forma.

Eis aí a conga, a rumba, o sambinha, o mambo desse ágape em que Lula e o chanceler Celso Amorim participaram como histriônicos protagonistas, pois o Brasil entrega tudo, se enreda com as sacanagens do vizinho, sai de mãos abanando e deixa os brasileiros que realmente necessitam da ajuda do nosso governo na mais completa sinuca de bico. É de dar dó vê-los se abraçando com Morales. São velhos comparsas. O que querem? Fazer papel de palhaço diante desses indiferentes canalhas?

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