5 de agosto de 2009

BILL CLINTON DIANTE DA MORTE


Pode ser que tudo tenha sido obra da estratégia diplomática do presidente Obama, ou do líder da Coréia do Norte, ou mesmo que Al Gore esteja por trás manobrando os eventos, ou então foi a mão providencial de Hillary, ou então porque não era mesmo chegada a hora das duas jornalistas americanas condenadas à morte no país que testa mísseis sobre o mar do Japão, vive fechado e põe todo mundo em polvorosa.

Sim, talvez seja isso. Mas quem apostaria que as duas seriam libertadas antes que Bill Clinton aportasse em terras conflagradas?

O fato, a verdade incontestável, é que algumas horas antes das duas jornalistas descerem sãs e salvas no aeroporto americano, foi Bil Clinton quem esteve presente diante do ogro, que convenceu a parede a tomar uma atitude em favor da liberdade, que foi Bill Clinton quem desatou esse nó. Segundo o NYT, ele se envolveu profundamente nesta que foi considerada a mais explícita ação diplomática americana numa década. Porque foi ele quem enfrentou a morte iminente de duas pessoas que estava para ser injustamente executadas. O que teria dito, cara a cara, este gênio que cometeu todos os erros possíveis quando era presidente, das guerras ao charuto erótico, mas que ao ser entrevistado diante das câmaras abre o verbo de maneira lúcida, ordenada, contundente e extremamente de vanguarda? E que é capaz de obras como esta?


Por que ele conseguiu? Porque foi presidente, porque tem carisma, porque sabe o que faz, porque joga de maneira certeira. Ninguém tinha certeza, nem Obama, que a operação seria bem sucedida. Tudo estava nas mãos de Clinton, que talvez seja uma das mais privilegiadas cabeças do nosso tempo. Você pode dizer: é um falcão, um cretino e tudo o que tem direito. Pode reclamar que aqui no DF eu bato no Obama e acabo elogiando Clinton. Mas escutem o que o cara tem a dizer. E vejam o astuto gênio quase chorando diante das câmaras olhando a libertação das duas jornalistas. Veja o estadista em ação e me digam se ele não encarna algumas qualidades perdidas, como a coragem, o brilho, o poder da inteligência e da persuasão.

Bill Clinton diante da morte: eis um momento especial das hardnews desta semana. Se eu fosse americano, o colocaria de volta na Casa Branca. Quando foi presidente, o mundo mudou radicalmente, lembram? Ou esqueceram como estávamos na idade da pedra antes de Clinton assumir o poder? Nem precisa acreditar nisso, mas é a pura verdade. Deveria assumir mais responsabilidades na gestão Obama, que quase foi dele, via Hillary.

Vejam só: no momento em que eu perdi a confiança em todo mundo, emerge a figura lendária de um contemporâneo, que deixa sua marca para o futuro. A posteridade lhe fará justiça.

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