8 de julho de 2018

DE NOITE

Nei Duclós


A noite abafa o campo
mas não o som do inseto e o puma
O brilho verde como dois vagalumes
Cercam o rosnado que avança

E estás só na casa isolada pela herança
Enquanto a onça pisa o charco na cerca próxima

Tens uma arma que não usas
Teu celular está mudo e não é só medo
Mas pavor que a solidão apronte
Antes do amanhecer

Tua horta sente frio sobre as verduras
e a pata da criatura se aproxima

De repente se afasta a nuvem
e esplende a lua cheia de pólvora

Tu e o bicho então flagrados pela aventura
Dividem a varanda iluminada como a escuridão
quando alguém acende um fósforo



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