21 de outubro de 2014

REPOUSO



Nei Duclós

Repouso o rosto no teu denso olhar
concentro em pedra o que me faz feliz
raspas o musgo que medra no cantor
tens o dom da chuva no resto do luar

Pintas o que vês filtrada pelo amor
cores misturadas de uma tarde a dois
cenas de uma dança tensa sobre o gris
ondas que retornam na hora de partir

Somos encaixes que o sonho revolveu
no tempo sem firmeza de alegria e dor
palavras que ficam para morrer depois

Areias de uma fuga ainda estão por vir
sopram despedidas no beijo que me dás
pulsa o coração que em nós se rebentou


RETORNO - Imagem desta edição: Dosfotos (Corbis) / El País

2 comentários:

  1. Belo poema. Mas q falta sinto das tuas crônicas sobre política. Volte, velho Nei.

    ResponderExcluir
  2. As cronicas políticas pareciam delirantes mas infelizmente eram proféticas. Escrever pontualmente seria redundante. Estou deixando que se cumpram, depois voltamos à carga, quando passar esta execrável tempestade eleitoral.

    ResponderExcluir