4 de outubro de 2014

HORA ALTA

Nei Duclós

Dormes para evitar o assombro
A porta escancarada de anjos
O ruído que corrói o sótão
a parede aberta para a chuva

O medo te ama, sonso Morfeu
te põe em cama suja de pregos
te pune com seus brinquedos
louça em carrosséis de seda

Acordas nas hora alta, fora de si
sobes degraus inexistentes
ficas no telhado por um tempo
tua camisola venta em segredo

Tens o testamento, tinta fresca
usada por ancestral medonho
a casa que habitas te condena
a carta que recebes é despejo

Fazes as malas, improvável fera
fareja nas janelas presas, corres
és fugitiva de uma herança torpe
querias sorte, ganhaste escombro

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