Nei Duclós
Fazemos gestos extremos para mostrar o que somos por baixo
do que não vemos.
Não te escrevo mais, indiferença. Lês apenas o vento que me
expulsa.
Combinamos a eternidade em frente ao mar, na praia que
cultivou o amor verdadeiro.
Soprei enquanto estavas completa. Depois vi cada pluma tua
dominar meu verso.
Do fim ao começo. Mulher que me escreve inteiro
Não haverá encontro. A não ser que uma estrela beije a Lua.
Nos amamos como chuva de granizo: fazendo estrago
Doninha de si. Nua só de um lado. Do outro, recato.
Cabelo no ombro, sombra que não piso, voz que fala ao anjo.
Você na areia me olhando. Me consolo te vendo, flor que não
cultivo, mel que guardo dentro.
Descobriste a pólvora. Soltas faísca a toda hora. Vê se te
segura, espoleta.
A ausência tem frestas por onde te espio.
O amor volta porque nunca foi embora.
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