16 de junho de 2012

PALAVRA DE AMOR


Nei Duclós

Amor não se rende ao discurso à toa
verbo inabitado, vazio fundo de poço
tem outra dimensão, mesmo que doa
ou prove a solidão, religião da Lua

É palavra na dança, palco de doçura
truque conhecido, imposição do rumo
balanço entre o desencontro e a fuga
do sonho mais chegado em seda pura

É poema na estação batida pela chuva
à espera de um trem de passageira única
que o destino aponta e o coração consuma

Semente coletiva que a terra não refuga
urbana arquitetura em relação de adubo
convés de um beijo que atravessa a bruma


RETORNO – Imagem desta edição:   Carole Landis.