Nei Duclós
Tua timidez me prende por desacato. Teu olho grande paga a
fiança.
Lembra quando cruzamos a linha? Virou um enredo. Quero as
cenas do próximo capítulo.
Foi só uma vez e visto agora a distância parece até
fantasia. Mas aconteceu, coral de maravilhas.
Troque todo esse rodízio sobre ti de pessoas sem motivo por
algumas palavras que vou te dizer quando vieres pousar em mim o teu vestido.
Gelei os pés te esperando. Mas o coração manteve a chama e
por ele te guiaste na noite espessa.
Todas as estações são suficientes para eu te dar o encanto
que despertas em mim, flor do pântano.
Para que dizer o que vai com o vento? Talvez pelo que deixa
de sabor em nossa tarde tonta.
Quero quando me tentas, me entrego quando convenço. Não faço
jogo, nem minto. Sou o que tens, prazer sem medo.
É inútil falar da tua beleza. Dela sabem os anjos. Eu apenas
não entendo porque não nasci para ficar dentro de ti por todo o inverno.
Pus minhas armadilhas no vento. Peguei promessas sussurradas
aos poucos. E de vez em quando uma tempestade, que desarmou meus esforços.
De dia, quase transparente, a Lua enfim se apresentou.
Minguante. Danada. Em vez de nua, Cheia, um tomara que caia.
É simples, quero você. Mas não se preocupe. Só digo de novo
no próximo milênio.
Diga que derrubaste a barreira, que eu escutarei o barulho.
Aproveite a tarde fria para o arrulho. Daqui a pouco
anoitece e poderemos trocar figurinhas.
És tudo o que o meu beijo precisa.
Tua curva é a trilha do teu cheiro. Sigo a pista, princesa.
Você me traz esperança. Com ela alimento os pássaros para
que cantem na minha janela.
RETORNO - Imagem desta edição: Elizabeth
Hurley.