Nei Duclós
Descobri que o poema não te resgata
não tem esse dom de colocar o guizo
no pescoço arisco do amor que finda
é fim de briga, quando morre a palavra
Depois é o limbo, espaço vazio da carne
distância maior entre as duas galáxias
versos que encostam em remota calçada
onde jamais são vistos, pois são teu sótão
Desisto de celebrar o sonho com o verbo
defino outro ofício, menos próximo da arte
talvez fazer reuniões carregando pastas
O perigo é te encontrar num salão lotado
e todos fazerem silêncio para ouvir o impacto
do encontro sem futuro, como tempestade
RETORNO – Imagem desta edição: Jane Russel.