13 de agosto de 2011

A MANHÃ SEGUINTE (tradução)


A MANHÃ SEGUINTE
(The Good-Morrow)

Por : John Donne
Tradução: Nei Duclós

Minha fidelidade faz um balanço e pergunta:
o que você e eu fizemos até nos amar?
Usufruimos prazeres do campo e da infância?
Dormimos numa caverna como os sete cristãos
por anos, perseguidos pelo imperador romano?
“Foi assim”. Mas desse jeito prazer é só fantasia;
Se por acaso alguma vez vislumbrei a beleza
foi graças à projeção de um sonho nascido de ti

E agora no despertar das nossas almas
quando nos vemos sem um pingo de medo;
amando plenamente com todos os sentidos
num quarto onde cabe o mundo inteiro;
vamos deixar os descobridores irem embora
com seus mapas que mostram outras terras
e apenas ocupar o lugar que nos pertence
como sempre acontece a cada amante

Meu rosto no teu olho e vice-versa
e os corações a pleno fazem o resto;
Onde encontraremos dois hemisférios
tão perfeitos, sem a soberba do norte
ou o declínio do oeste?
Se um de nós morrer, não nos dividiremos
pois nossos amores são um só, ou você ou eu
amor tão unido que jamais se rompe e ninguém some


THE GOOD-MORROW.

by John Donne

I WONDER by my troth, what thou and I
Did, till we loved ? were we not wean'd till then ?
But suck'd on country pleasures, childishly ?
Or snorted we in the Seven Sleepers' den ?
'Twas so ; but this, all pleasures fancies be ;
If ever any beauty I did see,
Which I desired, and got, 'twas but a dream of thee.

And now good-morrow to our waking souls,
Which watch not one another out of fear ;
For love all love of other sights controls,
And makes one little room an everywhere.
Let sea-discoverers to new worlds have gone ;
Let maps to other, worlds on worlds have shown ;
Let us possess one world ; each hath one, and is one.

My face in thine eye, thine in mine appears,
And true plain hearts do in the faces rest ;
Where can we find two better hemispheres
Without sharp north, without declining west ?
Whatever dies, was not mix'd equally ;
If our two loves be one, or thou and I
Love so alike that none can slacken, none can die.


RETORNO – 1. Este poema foi postado no Facebook por meu amigo Mark Fox, de Illinois, recitado por Richard Burton. Decidi traduzir. Há antecedentes do título, pois um poema anterior fazia homenagem ao Rei no dia seguinte à sua recuperação de grave doença. Donne pegou o mote para colocar um amante homenageando o amor maduro e verdadeiro, indissolúvel, que despertava de um tempo de ilusão e fantasia . 2. Imagem desta edição: John Donne's Cottage at Pyrford. Foto de Suzanne Knights

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