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16 de junho de 2010
LUZ DE LONGE
Nei Duclós
O homem lúcido sabe
que vai morrer
É só uma questão
de tempo
Essa clareza é seu único
sentimento
Não que seja escuro
o seu pensamento
Ou jogue pesado
contra a esperança
Ou pense o pior dos seus
semelhantes
Ou que seja só
porque se atormenta
Ou viva pelos cantos
como um doente
Ou seja alvo de crianças
por ser insano
Mas porque senta ao sol
e se aquece como plumas
que secam ao vento
E vê montanhas onde
impera grutas
de silêncio
O homem lúcido não pede
esmolas frente ao templo
Nem arrasta as garras
afiadas pela guerra
Ou se afasta do amor
Ou dos sonhos extremos
Conhece apenas os limites
do entardecer, e o vôo
escasso de seus espantos
Sabe com os pés, e o rosto
que passa depressa
e não deixa herança
A não ser alguns versos
batidos no cais do porto
Que alimentam o fogo
de mendigos roucos
Lá onde amanhece, e a dor
se esquece por um instante
RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.
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