7 de junho de 2010

CONFLITOS NO TWITTER


Há muita briga à toa no Twitter, por mera birra mútua, mal entendidos ou ainda posições pessoais que nada tem a ver com aparelhamento político. Mas há outros, importantes, em que debati com pessoas profissionais do ramo, que usam o Twitter para capturar quadros e divulgar suas teses e ações. Esse foi o caso do principal conflito. Envolveu esse massacre na flotilha da paz, que o aparelhamento midiático chama de comboio do Hamas. O problema é que a campanha eleitoral brasileira migrou para o Oriente Médio: pró-Israel é tucano, pró-palestinos é petista. Uma bobagem sem fim. Mas vamos ao que é sério.

Há, entre pessoas do Exterior, gente realmente ética e que tem o maior respeito pelo trabalho desenvolvido ao sul do Equador. Mas esse não foi o caso. Fui paparicado por meses por alguns tuiteiros internacionais achando que estavam interessados na minha poesia ou nas minhas posições políticas (quando batia no Irã, tudo bem). Denunciei o morticínio na flotilha porque sou contra o assassinato, antes de descobrir que acertaram de longe, na testa, o comandante de um dos barcos que queria romper o bloqueio criminoso de Gaza. Outras pessoas foram executadas de perto, a sangue frio, com tiros na nuca.

Antes de saber desses detalhes escabrosos, antes de ver a manipulação de informações e imagens, que começou no sequestro do material dos jornalistas a bordo e a posterior divulgação de cenas editadas, condenei o ataque pelo simples fato de que houve assassinatos só de um lado. O outro permaneceu ileso. Nenhum soldado israelense morreu, por mais que os assassinos tenham mostrado as facas de cozinha dos ativistas. Veja bem, quando o Hamas ataca Israel com bombas, matando gente, ou o Alminejahd impõe a ditadura desvirtuando as eleições e mandando matar os oponentes, também são condenáveis e merecem o repúdio veemente.

Criticar o massacre não é ser a favor do Hamas ou do Irã. Aliás, o Irã precisa deixar de se meter no ativismo pacífico, querendo invadir Gaza. O Irã não é pacifista, está num dos lados do conflito, não é neutro, portanto, cale-se. Estão querendo desmoralizar o movimento pela paz, criminalizar as ações efetivas que gente da maior qualidade está desenvolvendo contra a matança. Infiltrações, erros táticos não invalidam o propósito,

Pois imediatamente caíram em cima de mim (claro que em cima de todos os que denunciaram) quem tanto me elogiava. Fui chamado de tudo, de brasileiro atrasado, que estava longe dos acontecimentos, coma dificuldades com a língua (caíram as barreiras com o Google tradutor). Eu teria "abdicado" da inteligência e me locupletava na própria ignorância, entre outros mimos. Para onde foram os elogios anteriore ao meu talento? Sumiram de um momento para outro. Era tudo falso. Bem que me disseram que Papai Noel não existe.

Mantive a posição e contra-argumentei. Não usei de imediato o block, que é um bom recurso do Twitter, quando não queremos nos incomodar e mantemos distância de quem nos atormenta. Pois bem, quando as evidências ficaram mais explícitas, quando todos os países do mundo condenaram a ação, quando até os soldados da reserva de Isael pediram investigação, aí eles já tinham me bloqueado. Não puderam sustentar o debate. Tentaram no início me enviar mensagens com cenas manipuladas e versões oficias. Dançaram esses mais realistas que o rei.

Ao mesmo tempo, me recusei a assinar uma petição para Isael sair da ONU. É um despropósito. E se a oposição, que condenou o ataque, vencer as próximas eleições, terão um país expulso da ONU? Não faz sentido. Esse conflito do Oriente Médio precisa de solução pacífica, por mais estranho que possa parecer. Ninguém pode matar em nome de território ou religião, ninguém pode excluir a idéia de existência do país opositor. Israel e Palestina, dois países fazendo fronteira. Não canso de dizer: fronteira é a paz na diferença.

Bueno, essa foi um dos conflitos no Twitter. Outra foi o debate-boca sobre países desenvolvidos liberais x ditaduras de países pobres. Argumentei que a pobreza é uma invenção do primeiro mundo, um conceito de exploração internacional, o que não entrou na cabeça do interlocutor, que brandia um índice provando a superioridade dos paises do liberalismo. Ele sugeria que eu defendia as ditaduras. O resultado foi bloquear.

Há ainda as pessoas simplesmente desaforadas que fazem confusão com teu nome e ainda acham que podem te tratar assim sem cerimônia dizendo coisas. Ninguém me diz coisas. Block neles. Teve ainda a série de frases que escrevi contra os excessos da publicidade, provocando reações extremas (algumas a favor). Alguém sugeriu para eu simplesmente ignorar a publicidade (como se isso fosse possível!) e me chamou de porta-voz da censura. E também de ignorante, como aconteceu quando me opus à Usina de Belo Monte. Foi quando outra pessoa (não vou citar nomes) me falou que eu só dizia asneira e não sabia nada sobre o assunto em questão.

É assim. Isso me remete a outro tipo de conflito, mais pessoal. Estaria perdendo meu tempo tretando no Twitter? Costumo ficar o dia inteiro em frente ao micro. Cuido das minhas coisas, deste jornal, das encomendas que, graças a Deus, me pedem e que garantem o sustento por aqui, with a little help from my friends. E a toda hora estou no Twitter, que é superdinâmico. Uso para conversar, divulgar meu trabalho e também criar. Já escrevi várias coisas diretamente, depois reunidas em posts aqui do Diário da Fonte.

Não, não estou perdendo meu tempo. Mas está ficando complicado e acabo usando o block. Faz parte ou deveria mudar completamente, só tuitar poesia? Sorte que a grande maioria das pessoas com quem mantenho conversa permanente só me dão alegria. Pelo trabalho maravilhoso que divulgam, pelas frases ótimas, pelos links interessantes e pelo estímulo que recebo em relação a tudo o que faço. Conflito é inevitável, mas espero que o clima fique mais ameno por lá.

RETORNO – Imagem desta edição: cena do filme "A Marca do Zorro", 1940.

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