30 de junho de 2010

CREPÚSCULO: A SATANIZAÇÃO DO BEM


A série de filmes de vampiros começou com Twilight (2008), que foi traduzido para Crepúsculo. Não se trata propriamente do entardecer ou da decadência, mas da porta entre os mundos de que fala Don Juan para Castaneda, aquela brecha onde se passa para o Outro Lado, a zona nebulosa da percepção, que perde o referencial e captura o que está oculto.

Baseado em livro de Stephenie Meyer, chega ao terceiro episódio (Eclipse), atrai multidões de jovens e adolescentes aos cinemas. Há uma série de implicâncias que podem explicar o sucesso. A “fome de passado” de que fala a autora por parte das novas gerações é uma delas. A necessidade de encontrar alguma coisa além das aparências é outra. Prefiro focar de maneira diferente. No Twitter, abordei esse assunto e seu entorno e desdobramentos. Comecei com a vampirização feita na televisão, fonte e reflexo da maldade que tomou conta do mundo vestindo pele de cordeiro.

É chupado do filme de Borat, personagem criado por Sacha Baron Cohen, o sarro com os hinos da Copa. O final de Borat é o hino do Cazaquistão

Faltou dizer quem chupou do filme Borat a idéia do sarro com os hinos dos países da Copa, como a Eslováquia: Casseta e Planeta, da Globo

É chupado do filme The Night of the Hunter,de Charles Laughton,a tatuagem nos dedos do assassino na série policial que a Globo chupa dos EUA

No mundo em que bandidos no poder chupam o sangue nas nações, o vampiro cool é um apelo para as novas gerações criadas nesse ambiente

É recorrente a confusão proposital, implantada de cima para baixo,entre bandidagem e virilidade,fonte de ilusões perigosas e de infelicidade

Vestir o Bem com a pele do vampiro é uma forma de atrair e acostumar as gerações emergentes à satanização da vida diária

O vampirismo é incentivado na indústria audiovisual. A série Crepúsculo, que tanto sucesso faz entre a meninada, é a satanização do Bem

O cretino que vive do sangue alheio é apresentado como gente fina, confiável, já que consegue debelar seus instintos.Isca para a ingenuidade

A ruptura pura e simples, sem o parâmetro da tradição a ser superada, leva toda a cultura a um beco sem saída, onde impera a falsa vanguarda

O modernismo foi entronizado em função desse equívoco. E seu desvirtuamento, o trocadilhismo-minuto, é um devorador de verbas públicas

A glamourização do vampirismo começou com Polanski em A Dança dos Vampiros. E a banalização do satanismo com seu O Bebê de Rosemay

Depois de velho,caiu a ficha de Polanski e ele se voltou para os clássicos,se saindo muito bem, pois é um grande cineasta.Mas fez um estrago about hours ago via web

O Mal triunfa quando não há remorso, sentimento humano por excelência. Vemos rimes hediondos gerados pela ausência de remorso about hours ago via web

Defender o Bem tem um complicador, pois o Mal vestiu a pele de cordeiro. Ferozes sentinelas "bonzinhos" monitoram o rebanho desarmado about hours ago via web

A luta do Bem contra o Mal caiu de moda exatamente para fazer a confusão entre os dois opostos e maquiar a maldade para o triunfo da tirania
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Vi garotas em reportagens fissuradas por bandidinhos, como se ruindade fosse sinônimo de virilidade

Tentei ver até o fim o filme dos vampiros para poder denunciá-lo, mas não aguentei a baixaria. Não deu post, mas tuits

Por isso é bom chutar o pau da barraca e voltar a fazer soneto. É de ver a cara de escândalo dos vanguardeiros, neoparnasianos do século

Ou você age dialeticamente, se livrando das amarras criadas para cristalizar poses "revolucionárias", ou sucumbe ao modismo dos pseudo

Quando enfim tua geração chega ao poder,é hora de queimar os navios e nadar até a praia das crianças perdidas,de que nos falava Lindolf Bell

Nada disso dá dinheiro e um artista vive na corda bamba.Mas é para ele que cantam os corações exaustos e os espíritos livres no dia do Juízo

RETORNO - Imagem desta edição: a atração amorosa entre a vítima e o algoz, que se segura para não devorar a presa. Cena de "Crepúsculo".

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