2 de março de 2009

CRUZ BRANCA NA LONA



Nei Duclós

Graveto se quebra na margem de pedra
Palheiro de véspera na brasa efêmera
Caíque na soga da sombra em resguardo
Guerreiro com água até o barbicacho

Duzentos cartuchos contrabandeados
Sesteiam ao lado das automáticas
Cruz branca na lona avisa a vanguarda
A curva do arroio escolheu o nosso lado

Lá vem o grupo em meio a tormenta
Com canos saindo dos ponchos molhados
Avistam a encomenda na hora de um raio

E remam em ordem rompendo a ramada
O general vem na frente como um alarme
E o guasca na água bate continência

RETORNO - 1. A fotaça que ilustra o poema foi divulgada no Orkut da gaúcha Denise Vargas.

BATE O BUMBO: OSORIO NO VALOR

O suplemento EU do Valor Econômico da última sexta-feira, dia 27/02/09, publicou em página dupla excelente resenha sobre o livro General Osorio e Seu Tempo (Expressão, 848 pgs., R$ 89,00), de José Antônio Severo:

Retratos de um general/ Por Rodrigo Uchôa, de São Paulo:

"Muito se discute sobre o ethos gaúcho, aquele espírito de fronteira do qual se vangloriam até mesmo os recémchegados, que introjetam esse modo de ser. Mas de onde vem essa disposição interior, esse espírito que anima uma coletividade que nem é tão homogênea assim? Em grande parte, vem da transmissão oral - um gaúcho diria que vem das conversas ao pé do fogo, dividindo o chimarrão."

"Talvez seja esse o grande mérito de "General Osorio e seu Tempo", livro do jornalista José Antônio Severo. Num romance baseado em pesquisa e principalmente na memória oral, na "história como se contava na Campanha", Severo recria a trajetória de Manoel Luís Osorio. (...)Grande parte do livro é dedicada à descrição de situações diplomáticas que precederam as sucessivas guerras, as intrigas palacianas e os movimentos dos batalhões. Nesses pontos, o autor tenta ser menos "imaginativo" em relação aos personagens e a suas reações corriqueiras. E consegue manter ainda assim um ritmo de contador de histórias, o que não compromete o lado romanceado que pretende imprimir."

"(...) Na apresentação do livro, o jornalista Nei Duclós descreve a obra de Severo como uma resposta aos que acham "que o país seria fruto apenas de artimanhas e escapatórias, de espertezas políticas e diplomáticas e não da vontade expressa no campo de batalha" - interpretação pertinente ao tom de militarismo cavalheiresco encontrado nas páginas dedicadas ao Osorio estritamente soldado."

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