A suposta perseguição policial provocou o suposto crime contra supostas vítimas. Houve dolo, ou seja, cravaram chumbo no crânio de uma criança, portanto o crime é doloso, supõe a Justiça. Se fosse culposo, o suposto homicida seria supostamente inocente, é isso? Costumo escorregar no sebo dessas palavras para onde a cobertura da imprensa nos empurra. Não há mais reportagem, há reprodução de discursos. O texto jornalístico está manietado pelas falas jurídicas, policiais, políticas, corruptas. É um circulo vicioso, mas essa expressão foi transmutada em círculo virtuoso, uma inspiração vinda da especulação financeira.
Tem um sujeito que berra que não queremos monstros fardados nas ruas. O noticiário leva o berro ao ar, mas imediatamente a cena corta para a cara bem pensante do apresentador engravatado. É a postura do Dono, o tsk tsk tsk do coronel bem posto na varanda da casa grande, a mídia comprada. Porque nós habitamos a senzala e o telejornal é a Casa Grande, ou melhor, a representação do poder senhoril, o que passa pelas prisões como se passasse pelo fogo do purgatório, rapidamente, tostando levemente as crinas. É para dar um tchans no visual. Saem todos soltos e fazem caras de sacanas. Essa cara de deboche aparece na capa dos jornais.
A imprensa se presta a que passem a mão na bunda dela. Está sendo caçada de todas as formas, não apenas pelos poderes políticos, que ganham concessões e se espalham por tudo que é veículo; mas pelos outros poderes, que inventam mil formas de censura. Sem falar que continuam matando jornalista para dedéu. O jornalismo é um crime na ditadura consolidada, pronta e acabada. Não é uma atividade legal, permitida. É marginal e dá cadeia ou atentado. Não invente de fazer jornalismo. Faça a faculdade, mas fuja das reportagens. Hoje no Brasil, reportagem mata.
Por isso invento minhas reportagens. Entrevisto personagens, visito fantasmas. Moro na linguagem em plena forma. Gosto de estar próximo aos contemporâneos, compartilhar a criação, viver no mesmo ambiente onde os reconhecemos com nossas diferenças e sintonias. Na terça-feira passada, estive numa sala lotada, no Centro Integrado de Cultura, aqui de Floripa, debatendo criação com psicanalistas, jornalistas, intelectuais, público em geral. Não fosse o que escrevo aqui no Diário da Fonte, não teria preparo para segurar o papo por quase duas horas. A conversa foi animada, coordenada pela psicanalista Soraya Valerim e tendo como participante da mesa o artista plástico Loro de Lima.
Tivemos diferenças, mas principalmente conseguimos nos escutar, saber o que cada um pensa, interagir. É tão raro esse tipo de encontro. Confinado no espaço virtual, saio pouco, mas saio sempre que me convidam. Podem me convocar. Gosto de estar junto com pessoas que usam palavras próprias, que não se entregam a esse jogo horrendo de vícios de linguagem, que começa no doloso e termina no seboso. Somos artistas, de uma arte sempre insurgente. Que nos gratifica, principalmente quando recebo carta de Juarez Fonseca, o jornalista cultural que todos deveriam imitar, que me diz reservar uma vez por semana para ler este blog. Ou quando Daniel e Carla Duclós me enviam a foto da Vênus de Milo, que está no Louvre, lugar que eles visitaram recentemente.
Tem um sujeito que berra que não queremos monstros fardados nas ruas. O noticiário leva o berro ao ar, mas imediatamente a cena corta para a cara bem pensante do apresentador engravatado. É a postura do Dono, o tsk tsk tsk do coronel bem posto na varanda da casa grande, a mídia comprada. Porque nós habitamos a senzala e o telejornal é a Casa Grande, ou melhor, a representação do poder senhoril, o que passa pelas prisões como se passasse pelo fogo do purgatório, rapidamente, tostando levemente as crinas. É para dar um tchans no visual. Saem todos soltos e fazem caras de sacanas. Essa cara de deboche aparece na capa dos jornais.
A imprensa se presta a que passem a mão na bunda dela. Está sendo caçada de todas as formas, não apenas pelos poderes políticos, que ganham concessões e se espalham por tudo que é veículo; mas pelos outros poderes, que inventam mil formas de censura. Sem falar que continuam matando jornalista para dedéu. O jornalismo é um crime na ditadura consolidada, pronta e acabada. Não é uma atividade legal, permitida. É marginal e dá cadeia ou atentado. Não invente de fazer jornalismo. Faça a faculdade, mas fuja das reportagens. Hoje no Brasil, reportagem mata.
Por isso invento minhas reportagens. Entrevisto personagens, visito fantasmas. Moro na linguagem em plena forma. Gosto de estar próximo aos contemporâneos, compartilhar a criação, viver no mesmo ambiente onde os reconhecemos com nossas diferenças e sintonias. Na terça-feira passada, estive numa sala lotada, no Centro Integrado de Cultura, aqui de Floripa, debatendo criação com psicanalistas, jornalistas, intelectuais, público em geral. Não fosse o que escrevo aqui no Diário da Fonte, não teria preparo para segurar o papo por quase duas horas. A conversa foi animada, coordenada pela psicanalista Soraya Valerim e tendo como participante da mesa o artista plástico Loro de Lima.
Tivemos diferenças, mas principalmente conseguimos nos escutar, saber o que cada um pensa, interagir. É tão raro esse tipo de encontro. Confinado no espaço virtual, saio pouco, mas saio sempre que me convidam. Podem me convocar. Gosto de estar junto com pessoas que usam palavras próprias, que não se entregam a esse jogo horrendo de vícios de linguagem, que começa no doloso e termina no seboso. Somos artistas, de uma arte sempre insurgente. Que nos gratifica, principalmente quando recebo carta de Juarez Fonseca, o jornalista cultural que todos deveriam imitar, que me diz reservar uma vez por semana para ler este blog. Ou quando Daniel e Carla Duclós me enviam a foto da Vênus de Milo, que está no Louvre, lugar que eles visitaram recentemente.
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