8 de junho de 2008

EXÉRCITO REAGE À PROVOCAÇÃO


Não adianta fingir inocência e justificar o exibicionismo do major gay que foi logo aonde, no Superpop, da Luciana Gimenez (aquela que alcançou a celebridade fazendo um filho com o Mick Jaegger), do SBT, falar sobre suas preferências eróticas. Ele tem a patente de major antes do nome, portanto estava representando o Exército, que reagiu à provocação e cercou a emissora, dando voz de prisão ao militar. Jorge Coli, na sua coluna Ponto de Fuga, no Mais! deste domingo, na Folha, em artigo intitulado “Corpos eróticos”, achou o episódio mirabolante, espalhafatoso, pouco inteligente, que criou uma situação mais espetacular do que o “problema”.

Coli acha que o Exército se entrega na represália contra o sargento. Para se justificar, cita os exemplos de homoerotismo em exércitos da Antigüidade. Invoca até Platão, quando devemos olhar para as especificidades do presente e ver o fato como um acontecimento político e não filosófico ou comportamental. Chamar os outros de viados porque se opõem à celebração de uma opção de foro íntimo é o expediente usado pelos moleques. Você não pode criticar alguém de pele negra, por mais errada que a pessoa esteja, porque senão você é racista. Se criticar gay, aí tem. Menos.

O Exército embarcou na canoa furada da ditadura que não lhe pertencia, e sim ao império globalizado financeiro. Confundiu seu projeto nacional com interesses do coronelato civil e dos estrangeiros. Paga caro até hoje pelo equívoco. De maneira injusta, pois sabemos que houve oposição dentro da caserna contra o golpe de 64, sem falar nas defecções que acabaram lutando frontalmente contra o regime, como aconteceu com Lamarca. Amarga um exílio político que se reflete na sobrevivência das Forças Armadas brasileiras, tratadas como obsoletas e desnecessárias.

Na maré alta da desmoralização e do deboche, a mídia estampa o caso dos gays dentro do Exército, fazendo um carnaval de capas e programas ao vivo na televisão. Força o Exército a tomar uma atitude, pois está em jogo a imagem da corporação. Debocham do slogan, ótimo, “braço forte, mão amiga” e jogam lama na farda, como se os nossos militares precisassem ser desrespeitados para todos se iludirem que estamos numa democracia. Pois não estamos. Vivemos em plena ditadura, em que o poder de meliantes próximos ou dentro do poder é apenas um sintoma.

O pior da ditadura está no meio de nós. Quem fala com todas as letras o que acontece, sem cair no preciosismo de textos políticos ou econômicos que ficam em cima do muro, já que papel em branco aceita tudo? Estamos calados, travados, à mercê de sucessivas crises financeiras, que acabaram sucateando nossa moeda, destruindo o patrimônio publico e permitindo a invasão estrangeira maciça em nosso território. Desmoralizar o Exército faz parte do esquema: sem militares treinados, sem estratégias de guerra, sem sentinelas nas fronteiras, sem pessoas aquarteladas de prontidão, a nação fica totalmente à deriva, pronta para o usufruto internacional. Pois essa canalha só vai parar no muque.

O erotismo é a representação mais completa da nossa entrega, como uns filhos da mãe, para a sanha imperial. Compram terras a torto e a direito, se assenhoram da selva e das terras aráveis, usam laranjas para invadir o território e aí linkam a imagem do Brasil ao sacudir incessantes de celulites em fio dental, ao travestismo pujante nas capitais européias, às paradas sexistas cevadas a dinheiro público e agora aos exemplos homoeróticos dentro dos quartéis.

A quem serve o sensacionalismo de destacar casais gays dentro das Forças Armadas? Aos inimigos da nação. Ser gay é uma opção de foro íntimo. Mas se essa opção servir para reforçar a falta de compostura que a ditadura civil definiu para o país, então, reagir é uma questão de sobrevivência. Foi o que Exército fez. De maneira elegante e determinada, como reconheceu a própria Luciana Gimenez em entrevista à Folha. Nada de mirabolante ou espalhafatoso. Simplesmente impediu que o carnaval continuasse.

Há comando. Temos Exército. Gostem ou não.

RETORNO - Imagem de hoje: nossos pracinhas da FEB nos campos da Europa, lutando de armas na mão contra o nazi-fascismo. Essa é a imagem que se sobrepõe a todo tipo de provocação.

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