2 de abril de 2004

NAS ESTRADAS DO BRASIL


O veterano motorista de taxi me conta uma das histórias das suas múltiplas andanças, onde se sobressai uma coincidência, uma retribuição à generosidade, uma família que migra e a tenacidade de um empreendedor, que foi para o Acre e lá está agora, rodeado de riqueza.

CARRETA QUEBRADA - “Eu carregava um caminhão de explosivos para o Exército. Saí do Porto de Rio Grande em direção a Porto Velho, no Acre. No caminho, uma família me pediu carona até o meu destino. Levei-os por um caminho de milhares de quilômetros, tendo feito uma escala na minha casa, na Vila Madalena, em São Paulo. Lá dei guarida à família, que ganhou de mim, de presente, uma coleção de panelas que eu não usava mais. Deixei meus caroneiros no Acre e passaram-se vinte anos. Um dia meu filho, que também é caminhoneiro, quebrou a carreta em Vilena, perto de Porto Velho. Pediu para um gaúcho que puxasse o caminhão até o posto mais próximo, pois precisava voltar para São Paulo para pegar dinheiro. Naquele tempo não tinha nem telefone que fizesse interurbano, quanto mais depósito bancário à distância. Seria uma viagem de duas semanas, ida e volta, com prejuízos pesados para ele. O homem que ajudou-o a puxar a carreta então perguntou:
- Tu é de São Paulo? Onde moras?
- Na Vila Madalena.
- Lá conheço um grande amigo meu.
E disse o nome. O rapaz puxou a carteira de identidade. O outro nem acreditou:
- Teu pai é meu grande amigo.
E imeditamente providenciou que a peça que precisava de conserto fosse substítuída. O beneficiado propôs:
- Lhe dou o resto do meu dinheiro e o que faltar deposito na sua conta.
- Negativo, disse o homem. Só aceito dinheiro da mão do seu pai. Ele que venha aqui.”
Pois o que agora é motorista de taxi, e conta essa história, atendeu o apelo. E foi levar o pagamento pessoalmente pelas estradas do Brasil. Lá chegando, aquele gaúcho que um dia tinha recebido um favor decisivo para ele e sua família, que tinha cruzado, de graça, o país em busca de oportunidades, disse assim para seu benfeitor:
- O pagamento está feito: é a sua presença aqui. Era só isso o que eu queria.
E mostrou o jogo de panelas recebidos naquela época, guardadas como relíquia da família. Levou então o velho amigo para conhecer sua fazenda com cinco mil cabeças de gado, mais posto de gasolina e uma oficina mecânica. Estava rico.
Disse ao volante do taxi o narrador da história:
- No fim, eu tinha cobrado a conta, sem querer.
E caiu na risada.
Este é o Brasil que nos encanta

SUCESSO TOTAL - O evento ontem na Fnac Pinheiros foi um campeão de audiência. Foi todo mundo lá e quem não pôde ir avisou, pesaroso. Todos receberam meu abraço. Especial menção ao meu irmão EWlo, que se abalou de Floripa e veio com o filho Rodrigo, a nora e sua esposa Dulce. Todos super-carinhosos e felizes. Elo, que tem quatro páginas suas transcritas no romance Universo Baldio, trouxe também o amigo Luiz Felipe Ferlauto, que conheço há trinta anos. Está de parabéns a equipe maravilhosa da W11 Editores, que btrabalharam duro para tudo dar certo. Regina, da produção, Ana Paula, do Marketing, Luciana, da divulgação, Toninho e Osmane, da Arte, Suely, da Produção, Tábata (com seu maridol Erlon, futuro mestre de Xadrez), da revisão, Roberto Nolasco, Dominique e Lenilson, da administração, Cida, Alexandre e Adilson, das vendas, além é claro do maestro Wagner Carelli e a esposa, Vera Rosenthal, autora da grande maioria das capas da editora. Muita gente querida, que me deram a alegria de, a certa altura, improvisar uma fila, só para me agradar. Lá tive o prazer de receber os autógrados do grande Roberto Freire – que adorou o título do meu livro – que estava relançando seu seminal e inesquecível romance Cleo e Daniel, e Maria José Silveira, que lançou seu romance O fantasma de Luis Buñuel. Minha esposa, filhos, nora, irmãs e pais da nora, todos presentes, dando força para o romancista estreante e veterano escritor. Caprichei nos autógrafos.

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