Nei Duclós
O sol acorda tarde no outono
Exausto da trabalheira do verão
Avança tímido sua precoce claridade
Que desliza como onda próxima do mar na escassa areia
Insone, aguardo o momento em que me despeço das lâmpadas acesas
Que ficaram em vigília junto com o cão
Na noite interminável
E fico aliviado com as gotas diurnas de luz
Que borrifam as árvores impregnadas de plumas e pios
Amanhece lentamente no tempo parado onde me encontro
A descobrir que o futuro é idêntico ao princípio
No ciclo inaugurado pelo verbo encolhido de frio
Nei Duclós