17 de maio de 2021

OGRO

 Nei Duclós 


De você quero saber ao certo

Se me ama, basicamente 

Se estou jogando a vida fora

Ao insistir nisso todo o tempo


O resto

Quem és e onde moras

Eu deixo para o perfil do face

Que jamais visito 

Pois te  vejo sempre

Ao vivo na calçada em frente


Se me olhas fico contente

Se ignoras não faz diferença 

Sou a solidão da rua, ogro impenitente

A exibir para a lua meus cabelos brancos


Vivo de amor

Mulher que não  pertence

A nenhum de nós 

Do gênero  carente

Que só oferece o espanto dos sobreviventes 



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