Nei Duclós
É feio dizer quando não há rodeio
Na fala direta de potro sem freio
Quando não nos civilizamos
E levantamos uma casa na pressão do inverno
É uma fala aos gritos ou num tom de aboio
Madeira sem artifice, mármore ainda bruto
Material de obra que não se completa
E fica atirada, roupa já sem uso
No caso do poema é quase uma tragédia
Rifar a palavra em tosco acampamento
O verso se vicia como garoto lerdo
Envolvido no jogo dos calaveras
Nem sempre é possivel escrever bonito
Ainda mais quando o ofício é compulsivo
Brota a estrofe feito gado xucro
No acervo virado em latifúndio
Não espere flor, chorinho ou arabesco
O cantor pampeiro trova enquanto luta
Tem a missão de manter coeso
O espírito disperso de um pais sem rumo
Isso exige pulso e uma voz liberta
Cerco de cruzada, tropel de um Deus reiúno
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