Nei Duclós
Revi agora no canal Arte 1 a parte final do clássico
faroeste deJohn Sturges de 1959, Last Train From Gun Hill (Duelo de Titãs), com
Kirk Douglas (na foto fazendo Earl Hollmann de refém) e Anthony Quinn. O cinema
americano sempre opõe a lei à violência, com vantagens para a segunda. Os
protagonistas tentam levar os suspeitos à Justiça, mas como todos sabem (a
câmara mostra) que são culpados, então acaba prevalecendo o tiro fatal. A
Justiça é uma chance de adiar o desfecho e mesmo com a perspectiva de pena de
morte para o criminoso há o caminho mais curto de resolver a parada num duelo
final.
Impressionante como Kirk Douglas quase sempre interpreta
papéis do durão dentro da lei, enquanto seu filho Michael Douglas adora
chafurdar em personagens sádicos e perversos, como em Wall Street e tantos
outros filmes. Ontem mesmo vi um em que ele tortura um jovem no deserto. O
filho confundiu a caratonha espantosa do pai com o Mal. Está errado.
Outro detalhe é a presença de Carolyn Johnes fazendo o papel
recorrente da mocinha abandonada pelo herói nos faroestes. Não há maior solidão
na Sétima Arte do que as mulheres apaixonadas por pistoleiros. Estes acabam
preferindo ir embora sozinhos ou com seus parceiros, como vi num filme em que
uma coitadinha abana o adeus para os felizes William Holden e John Waiyne, que
somem na poeira.
Mas o grande destaque é o último lance de Anthony Quinn, que
ao levar o tiro fatal vira-se para a câmara (está de costas para ela) e joga
para o ar um rosto tomado pelo vazio. Ele olha para o nada, a morte. E cai
definitivamente.
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