6 de fevereiro de 2016

JOGOS DE PORCELANA



Nei Duclós

Hoje é o dia de ontem, que se liberta
do futuro.  O tempo é peso pluma
Borra a leitura na exaustão do rosto
Estrofes ainda verdes na bagagem

Revejo a agenda que me embarcou
no estranho trem cruzando túneis
a sair da sombra aflorando versos
Limpo o sereno no vidro indevassável

Primeira estação: a primavera
Jogue no mar o desejo sem retorno
Receba de volta a flor que perseguiu
o vento e aporta na ilha deserta

Contas momentos para guardá-los,
tontos, em jogos de porcelana,
secreta coleção de sonhos,
som de um involuntário realejo


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