23 de janeiro de 2012

SEMENTES


Nei Duclós

É tarde para o poema, diz a fogueira
que se extingue mal chega a meia noite
ficam as cinzas sonâmbulas e as estrelas
que afastaram as nuvens do poente

É cedo para o sono, diz meu tormento
não há o que fazer se estou sozinho
paredes frias e um colchão de palha
janela onde a coruja escolhe o ninho

Vivo de migalhas, são tuas palavras
que chegam aos poucos como pingos
da chuva que me deixa ao desalinho

Meu alimento é um resto de sementes
sobras de um jardim que foi embora
e jamais germina aguardando a aurora



RETRNO - Imagem desta edição: obra de Thomas Sully.

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