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7 de maio de 2010
PERGUNTAS DO SILÊNCIO
Os fatos se acumulam no gargalo da indignação, se repetindo até o cansaço geral, praticamente nos imobilizando numa cidadania em pânico e acossada pela ação bandida de todos os poderes. Agora é moda censurar blog usando a Justiça. Devemos ficar calados diante da cara-de-pau que nos governa em todos os estamentos da República. Ainda está por ser feita a reportagem sobre a criminalização dos serviços, ou seja, a população brasileira está refém de pequenas e grandes máfias que agem impunemente em pleno dia. Cobra-se por fora o que deveria ser feito por dentro.
Como são muitos os assuntos e a paciência escassa, decidi dividir nossa ira justa e cada vez mais calada, em perguntas que deverão nos acompanhar pelo tempo afora.
E se a máfia for apenas um departamento informal do governo?
E se eleição for apenas a reacomodação em rodízio do poder dos usuários do butim?
E se o objetivo for acabar com a presença de autores na indústria subsidiada dos livros, substituindo-os por macacos amestrados do comércio vil?
E se a ficha limpa for restrita aos que possuem a ficha suja, mas sabem fazer churrascos para quem decide?
E se a crise for o expediente normal do sistema de especulação financeira para realimentar a fonte de recursos que costuma secar?
E se a banda larga for apenas uma concessão do inquilino do palácio?
E se a alfabetização for enfim erradicada por um sistema de ensino formatado sob medida para isso?
E se a música for uma reserva publicitária vendida a peso de ouro nos intervalos do baticum gagá?
E se a sua lucidez for apenas uma atração de circo?
E se a seleção brasileira for substituída por um time de borboletas dançarinas sob o comando de um personal trainer de plástico?
E se as pessoas que completarem 50 anos forem confinadas a guetos marcianos deixando espaço livre para a barbárie imberbe?
E se o jornalismo for apenas uma doença contraída pelas pessoas que não se vacinaram?
E se o Brasil for uma ilusão passageira de malucos paranóicos que insistem em lembrar coisas que nunca existiram, como soberania?
E se tudo o que for dito virar patrimônio dos piratas?
E se a poesia for um rifle enterrado no quintal que o terremoto trouxe à tona diante dos nossos olhos desertos?
RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.
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