16 de maio de 2006

AQUI, SÃO PAULO: AÇÃO E DIAGNÓSTICO





A análise sobre o desfecho da crise em Sampa está brilhantemente analisada e de maneira sucinta neste blog. No blog do Noblat, coloquei que a democracia não falhou na área de segurança simplesmente porque ainda estamos na ditadura ? a situação apenas ficou pior. O que temos em tempos agudos, quando a coisa fica feia, é o diagnóstico boquirroto veiculado pela mídia, que acaba sempre em promessa de mais verbas, reuniões às pressas, e declarações de otoridades fazendo cara feia. O fato é que o Brasil, atingido mortalmente na sua capital, está refém da bandidagem. Eles são o poder e poderão atacar novamente a qualquer hora. A grande piada foram as manifestações de Heloisa Helena ( o ex-petismo agora psoliano em plena forma) dizendo que o problema é social, e a do presidente, que falou que o problema é de educação (alé, é claro, do governador de São Paulo, que chamou os bandidos de "traidores"). É impressionante como os quadros políticos que emergiram das lutas populares assumiram uma idiotia ainda mais profunda dos que foram combatidos por elas. Conseguem ser piores do que a direita. Há ainda a pseudo-sociologia que fala em crise do capitalismo, como se capitalismo tivéssemos.

BARBÁRIE - Temos pré-capitalismo, barbárie pura. O problema é anti-social e o que falta não é educação, é governo. O que propôs o governo? Colocar em ação sua nova guarda pretoriana, a Força Nacional. É a reconstituição de um anacronismo: a velha Guarda Nacional, criada na época da época da Regência de Feijó, que dela se valia para se contrapor às Forças Armadas. Ficamos sabendo que Lula tem à sua disposição uma força composta pela chamada elite das polícias, um contingente de sete mil homens, para fazer intervenções nos estados. Se não houvesse o cessar fogo, ao que tudo indica promovido pelo acerto (como diz a Folha) entre governo estadual e a bandidagem, teríamos a chegança da guarda pretoriana salvadora da situação. É pura campanha presidencial. O assunto é para o Exército, que tem em sua doutrina o combate não só ao inimigo externo, mas ao interno - no caso, os assassinos, e não, como foi moda na época da mais dura repressão, os opositores do regime. Um estado sob o ataque do inimigo interno não deveria pedir intervenção federal, o governo federal deveria intervir de qualquer jeito. É o problema da federação, do partilhamento do país (para melhor entregá-lo): o fim da União, tão criticada como se fosse ditadura. A União é a soberania.

LIMBO - A ditadura, que se serviu dos militares de 1964 a 1985, tem como seu maior feito a desmoralização das Forças Armadas como agente político. Não aceitar de volta à vida política a presença militar é um acinte contra a força e um potencial explosivo. Em contrapartida, o Exército, posto no limbo, goza hoje de grande prestígio junto à população, como comprovam inúmeras pesquisas. Os soldados deveriam estar no primeiro minuto nas ruas de São Paulo, combatendo a guerra desencadeada pela incúria administrativa e política do sistema paulista de segurança. Não deveria pedir licença para entrar. Mas estamos numa "democracia", que, ao que tudo indica, negocia com bandidos e assim aprofunda o fosso entre a possibilidade de uma verdadeira democracia e a população escaldada pelos desmandos do coronelato civil. Estamos chegando perto de 1922. O que poderá acontecer com o país desarmado diante de tantos crimes? O impasse gera mais violência.

VINGANÇA - Enquanto os grandões arregam, a massa das polícias pagam o pato, enterrando seus mortos, enviuvando, chorando. E se vingando, como mostram os jornais. Para isso se fala tanto em democracia. Para enterrar a possibilidade de uma convivência pacífica, já que as instituições de mostram incapazes de reagir. Fartos de diagnóstico, aguardamos ação. Mas ela sempre vem de maneira errada.

RETORNO - A imagem de hoje é de autoria de Marcelo Min, que estava a postos no front, na Praça da República.

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