6 de junho de 2024

A VOZ DO ANJO

 Nei Duclós 


Não releio, não reescrevo

Assim mantenho intacta 

a voz do anjo na letra 

Que sopra já corrigido

O escrito no Paraíso


Alguém lá deve orientá-lo 

Na sua faina esquisita

De repassar aos humanos

A incerta literatura 


É certo que não escuta

Conselhos de veteranos

Possuídos de parâmetros 

Volumes de capa dura

Recitais de enorme fama


Meu anjo jamais descura

De rasgos tonitroantes

Mas antes faz uma escolha

Prefere a profunda música 

Do verso morto de fome 


Assim encarno os cadernos

E as asas do anjo roto

Empresto só a caneta

Mediunidade fajuta


Sou o poeta das nuvens 

Onde moram os espíritos

Talvez seja eu um deles

A ditar o que publico 


Nei Duclós

Nenhum comentário:

Postar um comentário