12 de novembro de 2016

FOME




Nei Duclós

Foi-se o dia, navio que me convida
a ver o tempo num mapa de limites
segue o rastro à luz da estrela guia
infla as velas que chama de destino

Ele não volta, deus longe da origem
e se consome na dor que refletia
num espelho de flor e ventania
choro de sal no mar que morre cedo

Foi-se o tempo que nos deu o rumo
a sina agora é singrar no escuro
a procissão de sol no andor da lua
e os trabalhos da vida sem sentido

Traga de novo o amor de uma resposta
mesmo que seja por um minuto apenas
para que eu lembre o que perdi na guerra
nossa memória do avanço sobre a fome

Foi-se o tesouro que já não partilho
fica a patrulha forte da presença
vença o Mal, coração que me conforta
recolha a alma que jogamos fora


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