Nei Duclós
Posso ser qualquer um na foto antiga
o primeiro do fundo, o que faz figa
o que está rindo para fora da janela
o que deixou barba e raspou o cabelo
Posso ser o primo, o irmão, o marido
o menino que brinca com a garota ruiva
o tio empinado porque lutou na guerra
o pai que se foi, o filho que não volta
Esse gosto aflito e amargo de memória
a perda, o dia de celebração ou choro
e que nos desafia: onde estou nessa hora
de formatura? quando foi tanto aniversário?
Foi há tempos. Mais de uma vida se acumula
em retratos avulsos de sótãos diversos
baús que convidam a lembrar das histórias
e a noção que temos de que não há futuro
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