29 de dezembro de 2015

FLOR DE MERCÚRIO



Nei Duclós

O sol costura o poema
de vocação obscura
o anzol preso na lua

o queijo branco da cheia
fisgado onde há ferida
o fio do verbo em casulo

Só na solidão cicatriza
anotações de um estúdio
no mais sujo pergaminho

No jarro onde jaz a culpa
se concordar não descubra
segredo é feito de espuma

o rio que banha o curtume
canção composta de ouvido
tambor de leões famintos

robusta flor de mercúrio
o voo ainda sem plumas
pula quando fica inteiro


3 comentários:

  1. fiquei um tempo sem vir aqui e quando apareço me vem o estarrecimento.

    o que dizer num momento tão duro quanto esse?
    como explicar o diacho dessa vida, que desafia as leis naturais e subverte a ordem das coisas?

    vou apenas te dizer que sua palavra alimenta.
    então, siga..... por favor prossiga!

    te desejo esperança e alegria!

    que ela volte ao seu coração!

    grande abraço

    simone

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Obrigado, amiga, por suas palavras neste momento de muita dor pela perda do meu filho amado Miguel.

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