Nei Duclós
Por que de domingo te batizo
dia como os outros, sol no aprisco
nuvem pastoreando o infinito
carruagem precoce do vento?
Será por tua herança bíblica
ou pelo calendário rítmico
todos ao redor do fogo, corpo
coletivo concêntrico, pira
que acende no amanhecer
e se despede quando enfim
encerra dezembro o ano findo
e tudo volta ao berço de vime?
Desliza o profeta ainda menino
a raposa escuta seu balido
os insetos perduram indecisos
no ar do gênesis, deus criança
O tempo desliga das raízes
a poesia retoma, verso livre
rima é a carranca de francisco
a moldura assume o conteúdo
Não há desfecho em rumo cíclico
voltamos ao rio, perfil da semana
o mecanismo do verbo recupera
o que se foi, delta em paraíso
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